domingo, 2 de outubro de 2011

Teatro Carlos Gomes de Blumenau apresentou neste domingo, dia 02...

...As Eruditas.


Os personagens – o marido intimidado pela mulher, a socialite deslumbrada com uma pretensa vida intelectual, um oportunista que semeia sua erudição de verniz para obter vantagens, entre outros – e seus diálogos permanecem tão mordazes quanto engraçados. Também nesta obra, Molière conseguiu levar a reflexão de temas universais a graus até então só atingidos por peças trágicas – mostrando que o humor é parte, e não adversário, da inteligência.


Esta tradução e adaptação de Millôr Fernandes preserva os versos rimados do texto francês, bem como a ironia, a coloquialidade e a comicidade originais, e faz justiça ao gênio de Molière. Só pela tradução já valeu o espetáculo!



O objeto da sátira da peça é a afetação dos salões aristocráticos pelos modismos da falsa erudição, ou do saber usado como instrumento de prestígio e poder sociais.


A afetação da própria poesia parnasiana que só poderia reflorescer da tradição dos festivais de trovadores medievais graças a ociosidade da aristocracia.


O embate de um mundo aristocrático em decadência, tal qual o retratado pela matriarca mandona Filomena, contra a ascensão da burguesia mais informal e pragmática representada pela figura de Crisaldo que estabelece a velha máxima que manda quem pode e obedece quem tem juízo.


O nobre passa a ser vilão e o vilão passa a ser nobre, fundamentando a modernidade do romantismo em vias de eclodir.


Assim como em Figaro, o contrato nupcial se liberta de seus interesses de perpetuação de classe e conservação patrimonial, e passa a se fundar apenas no princípio do amor, afirmando a um só tempo os valores da livre expressão, iniciativa e opinião individual.



Fotos: Duna Cunha
Redação em divulgação.

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